Frédéric François Chopin
Frédéric Chopin (1810-1849), forma afrancesada do nome Fryderyk Franciszek Chopin, em polonês, nasceu em Zelazowa Wola e foi um dos maiores compositores para piano e o mais conhecido compositor polonês.
Filho do professor francês Nicolas Chopin, que dava aulas de língua e literatura francesa, e da polonesa Justyna Krzyzanowska, que tocava o piano.
Iniciou aulas de piano aos seus sete anos com o professor Wojciech Zywny e nesta altura compôs suas primeiras Polonaises. O primeiro concerto público deu-se no ano de 1818, tendo apenas 8 anos de idade na época.
Estudou musica no Conservatório de Varsóvia e durante este período, tornou-se ativo participante da vida musical de Varsóvia. Assistiu aos concertos de Paganini bem como a óperas no Teatro Nacional de Varsóvia (Don Giovanni, Barbeiro de Sevilla), e compôs as Variações em Si bemol Maior sobre um motivo da ópera Don Giovanni e uma série de Rondós baseados em motivos lúdicos.
Deixou a Polônia no dia 2 de Novembro de 1830 e seguiu para Paris com vinte e um anos de idade e nunca regressou.
Chopin dedicou toda sua obra ao piano, com exceção de uma ou duas peças para violoncelo, um trio de câmara, os dois concertos para piano e algumas canções. Assim, seu nome ficou internacionalmente ligado ao do instrumento, de forma que é impossível fazer uma história da música para piano sem Fryderyk Chopin (chopén).
A música de Chopin tem na maioridade suas origens no folclore polonês. Este facto não era compatível com o ambiente político na Polônia, que estava na altura e durante cerca de 100 anos sobre ocupação do Czar da Rússia. Várias obras têm os nomes das danças populares do seu país de origem, como é o caso das mazurcas (Mazurki) e polonaises (Polonezy). Em outras obras, como os estudos, nocturnos, valsas e sonatas com facilidade encontramos temas das cantigas populares do povo da Polônia, bem influências do bel canto italiano.
No período em que viveu em Paris, teve contato com outros compositores que marcaram época: Franz Liszt, com quem estabeleceu uma duradoura relação de amizade, e que, por sua vez, sofreu influências da música de Chopin; Robert Schumann e Hector Berlioz são alguns de seus contemporâneos.
Viveu durante nove anos com a escritora e feminista francesa George Sand, com quem teve uma relação conflituosa. Vítima da tuberculose que o acometera desde a infância, faleceu em 1849, dois anos após o rompimento com Sand. Há teorias de que o rompimento foi provocado por uma briga de Sand e sua filha, Solange. Chopin teria apoiado a jovem, irritando a escritora.
Sepultado no cemitério do Père Lachaise em Paris. Seu coração ficou sepultado dentro de um dos pilares da igreja de Santa Cruz em Varsóvia.
Sua obra é reverenciada como parte fundamental do repertório pianístico - é um dos maiores desafios, tanto para jovens pianistas como para virtuoses - e dá nome a alguns dos mais importantes concursos de piano do mundo, como o concurso Chopin de Varsóvia (Polônia), que é o mais antigo, organizado desde 1927.
A música de Chopin para o piano combinava um senso rítmico único (particularmente o seu uso do rubato), e o uso frequente do cromatismo e do contraponto a partir do qual associava à beleza melódica uma não menos bela e vigorosa linha do baixo. Essa mistura produz uma sonoridade particularmente delicada na melodia e na harmonia, que são, todavia, sustentadas por sólidas e interessantes técnicas harmônicas. Ele levou o novo gênero de salão do noturno, inventado pelo compositor irlandês John Field, a um nível mais aprofundado de sofisticação. Três de seus vinte e um noturnos foram publicados apenas após sua morte, em 1849, contrariando seus desejos. Ele também manteve formas de dança popular, como a mazurca polonesa e a valsa, a valsa vienense, com uma maior variedade de melodia e de expressão. Chopin foi o primeiro a escrever baladas[6] e scherzi como peças individuais. Chopin também tomou o exemplo dos prelúdios e fugas de Bach, transformando o gênero em seus próprios prelúdios.
Muitas das peças de Chopin tornaram-se bastante conhecidas — por exemplo, o Estudo Revolucionário (Op. 10, nº 12), a Valsa Minuto (Op. 64, nº 1) e o terceiro movimento de sua sonata Marcha Fúnebre (Op. 35), que é freqüentemente utilizada como uma representação icástica de luto. O próprio Chopin nunca nomeou uma obra instrumental para além do gênero e número, deixando todas as suas potenciais associações extra-musicais para o ouvinte; os nomes pelos quais nós conhecemos muitas de suas peças foram inventados por outros. O Estudo Revolucionário não foi escrito tendo-se em mente a fracassada revolta da Polônia contra a Rússia; ele simplesmente surgiu naquela época. A Marcha Fúnebre foi escrita antes do resto da sonata na qual foi contida, mas a ocasião exata não é conhecida; aparentemente não foi inspirada em qualquer perda pessoal específica.[15] Outras melodias foram utilizadas como base de suas canções populares, como a lenta passagem de Fantaisie-Impromptu (Op. posth. 66) e a primeira seção do estudo Op. 10 nº 3. Essas peças muitas vezes contam com um cromatismo intenso e personalizado, bem como uma curva melódica que lembra as operas nos dias de Chopin — as óperas de Gioacchino Rossini, Gaetano Donizetti e especialmente Bellini. Chopin utilizava o piano para recriar a graciosidade da voz que cantava, e sempre falava e escrevia sobre os cantores.
O estilo e os talentos de Chopin tornaram-se crescentemente influentes. Robert Schumann foi um grande admirador da música de Chopin, e utilizou suas melodias, até mesmo nomeando uma peça de sua suíte Carnaval após Chopin. Essa admiração não foi recíproca.
Partitura autografada por Chopin de sua Polonesa em La bemol maior, Op. 53.
Franz Liszt foi outro admirador e amigo pessoal do compositor, e transcreveu para o piano seis canções polonesas de Chopin. Apesar disso, Liszt negou ter escrito Funérailles (subtitulada "Outubro de 1849", o sétimo movimento da suíte para piano Harmonies Poétiques et Religieuses, de 1853) em memória de Chopin. Embora a seção do meio aparentasse ter sido modelada sobre a famosa seção de três oitavos da Polonesa em La bemol maior, Op. 53, Liszt disse que a peça tinha sido inspirada pelas mortes de três dos seus compatriotas húngaros no mesmo mês.
Chopin interpretou suas próprias obras em salas de concerto, entretanto com mais frequência em seu salão, para amigos. Já no final da vida, como a sua doença havia progredido, Chopin desistiu por completo das apresentações públicas.
As inovações técnicas de Chopin também tornaram-se influentes. Seus prelúdios (Op. 28) e estudos (Opp. 10 e 25) tornaram-se rapidamente obras-modelo, e inspiraram tanto os Estudos Transcendentais de Liszt como os Estudos Sinfônicos de Schumann. Alexander Scriabin também foi fortemente influenciado por Chopin; por exemplo, seus 24 prelúdios (Op. 11) são inspirados pelo Op. 28 de Chopin.
Jeremy Siepmann, em sua biografia do compositor, nomeou uma lista dos pianistas que ele acreditava terem feito gravações dos trabalhos de Chopin, largamente conhecidas por estarem entre as maiores performances de Chopin já preservadas: Vladimir de Pachmann, Raoul Pugno, Ignacy Jan Paderewski, Moriz Rosenthal, Sergei Rachmaninoff, Alfred Cortot, Ignaz Friedman, Raoul Koczalski, Arthur Rubinstein, Mieczyslaw Horszowski, Claudio Arrau, Vlado Perlemuter, Sviatoslav Richter, Vladimir Horowitz, Dinu Lipatti, Vladimir Ashkenazy, Martha Argerich, Maurizio Pollini, Murray Perahia, Krystian Zimerman e Evgeny Kissin.
Arthur Rubinstein disse o seguinte sobre a música de Chopin e sua universalidade:
"Chopin fez uma revolução na música tradicional para piano e criou uma nova arte do teclado[16]. Era um gênio de enlevo universal. Sua música conquista as mais distintas audiências. Quando as primeiras notas de Chopin soam por entre o salão de concerto, há um feliz suspiro de reconhecimento. Todo os homens e mulheres do mundo conhecem sua música. Eles amam isso. Eles são movidos por isso. No entanto, não é uma "música romântica", no sentido byroniano. Não conta histórias ou quadros pintados. É expressiva e pessoal, mas ainda assim um arte pura. Mesmo nesta era atômica abstrata, onde a emoção não está na moda, Chopin perdura. Sua música é a linguagem universal da comunicação humana. Quando eu toco Chopin eu sei que falo diretamente para os corações das pessoas!"
Embora Chopin tenha vivido no século XIX, foi educado na tradição de Beethoven, Haydn, Mozart e Clementi. Ele usou o método de piano de Clementi com seus próprios estudantes e também foi influenciado pelo desenvolvimento da técnica do piano virtuoso de Hummel, ainda mozartiano. Um de seus estudantes escreveu o seguinte em seu diário sobre o estilo de tocar de Chopin:
“ Sua apresentação foi sempre nobre e linda; seus tons cantados, ora em um forte ou no mais suave piano. Ele foi tomado de infinitas dores para ensinar a seus pupilos o seu legato, seu estilo cantábile de tocar. Sua crítica mais severa era "Ele—ou ela—não sabe como combinar duas notas simultaneamente." Ele também exigia a precisa aderência ao ritmo. Ele odiava tudo o que fosse vagaroso e demorado, como rubatos fora de lugar, bem como exagerados andamentos… e é precisamente a esse respeito que as pessoas cometem os maiores erros ao tocar suas obras. ”
—Friederike Muller, Do diário do aluno vienense de Chopin
A série de sete polonesas publicadas durante sua vida (além de nove publicadas postumamente), começando com a Op. 26 par, estabeleceu um novo padrão para a música na forma e foram criadas na vontade de Chopin de escrever algo para celebrar a cultura polonesa depois de o país ter se submetido ao controle russo. A polonesa em lá maior Op. 40 Nº1, "Militar", e a polonesa em lá bemol maior Op. 53, "Heróica", estão entre as obras mais amadas de Chopin e as mais executadas.
Chopin considerava a maioria dos seus contemporâneos com alguma indiferença, apesar de ter muitas amizades com aqueles ligados ao romantismo na música, na literatura e nas artes (muitos deles através de sua ligação com George Sand). A música de Chopin é, entretanto, considerada por muitos como um ponto culminante do estilo romântico. A pureza clássica relativa e a discrição em sua música, com pouco exibicionismo extravagante, em parte reflete sua reverência por Bach e Mozart. Chopin nunca cedeu à explícita "pintura cênica" em sua música ou usou títulos programáticos, punindo os editores que renomearam suas peças desta forma.
Em 1848, Chopin deu seu último concerto em Paris, além de visitar a Inglaterra e a Escócia com sua aluna e admiradora Jane Stirling. Eles chegaram a Londres em novembro, e, embora tenha conseguido dar alguns concertos e apresentações de salão.
Ele voltou a Paris, onde em 1849 tornou-se incapaz de ensinar e se apresentar.
Sua irmã, Ludwika, que tinha dado a ele as primeiras lições de piano, cuidou dele em seu apartamento na Praça Vendôme, nº 12. Nas primeiras horas de 17 de outubro Chopin morreu.
Até 2008 acreditou-se que morreu de tuberculose, estudos de Wojciech Cichy, da Faculdade de Medicina da Universidade de Poznan atribuíram a sua morte a uma fibrose quística.
Depois do amanhecer, Clesinger fez sua máscara da morte e os moldes de suas mãos.
Antes do funeral de Chopin, de acordo com seu desejo ao morrer, seu coração foi retirado devido a seu medo de ser enterrado vivo. Ele foi posto por sua irmã em uma urna de cristal selada, com Cognac, destinada a Varsóvia. O coração permanece até hoje lacrado dentro de um pilar da Igreja da Santa Cruz (Kosciól Swietego Krzyza) em Krakowskie Przedmiescie, debaixo de uma inscrição do Evangelho de Mateus, 6:21: "onde seu tesouro está, estará também seu coração". Curiosamente, seria salvo da destruição de Varsóvia pelos nazis, em 1944, pelo general das SS, Erich von dem Bach-Zelewski.
Chopin havia pedido que o Réquiem de Mozart fosse tocado em seu funeral. Os principais trechos do Réquiem foram compostos para cantoras, mas a Igreja de Madeleine nunca havia permitido cantoras em seu coro. O funeral foi atrasado em quase duas semanas até que a igreja aceitou, contanto que as cantoras ficassem atrás de uma cortina de veludo preto.
O funeral foi realizado em 30 de outubro, onde compareceram cerca de três mil pessoas. Os solistas no Réquiem incluíam o baixo Luigi Lablache, que tinha cantado o mesmo trabalho no funeral de Beethoven e que também tinha cantado no funeral de Vincenzo Bellini. Também foram tocados dois prelúdios de Chopin, o nº4 em mi menor e o nº6 em si menor.
Chopin foi enterrado, de acordo com seu desejo, no Cemitério Père Lachaise. Junto ao túmulo, a Marcha Funeral da Sonata Op. 35 foi tocada, em instrumentação de Napoléon Henri Reber.[13] Depois, alguns de seus amigos poloneses foram a Paris, com um jarro de terra proveniente de sua terra natal, e a espalharam por seu túmulo, para que Chopin se mantivesse em solo polonês. Sua sepultura atrai numerosos visitantes e é invariavelmente enfeitado com flores, mesmo na calada do inverno.
Molde póstumo da mão de Chopin.
A música de Chopin foi muitas vezes requisitada para fornecer mú-
sica incidental e material para tri-
lhas sonoras de filmes. Além dis-
so, Chopin é um dos principais personagens do RPG eletrônico Eternal Sonata, que tem suas composições como atração principal.Uma das músicas do cantor Gazebo, "I like Chopin" é uma referência ao compositor.
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